sexta-feira, 23 de janeiro de 2015



O que é “autoinflação” e o que isso tem a ver com os jovens da Geração Y?



A dificuldade em lidar com a autoestima seja ela alta ou baixa, e o movimento de autoinflação talvez sejam um dos grandes vilões do comportamento apresentado hoje pelos jovens da Geração Y. Mas como isto acontece? Tal situação ocorre devido ao sistema educacional e de criação dos pais ter mudado radicalmente nesta geração, passando a focar o desenvolvimento desmedido da autoestima e consequentemente o chamado “movimento de autoinflação”. Ou seja, criar os filhos de modo que eles se sintam bem em relação a si mesmos e incentivar as escolas a fazer o mesmo é importante, porem, foi exigido (em grande parte pelos pais), que se elogiasse também o desempenho insuficiente. Então, o movimento de autoinflação inclui:


Experiências infladas de autoestima quando o desempenho do filho é abaixo da média (por exemplo, premio por ter chegado em décimo lugar);

Poucas experiências de autoestima positiva que acontecem naturalmente quando o desempenho do jovem é acima da média (porque se todo mundo está ganhando um premio, o primeiro lugar não tem o mesmo significado);

Confiança de que o filho é livre para ser e fazer o que quiser, sem o desenvolvimento de expectativas realistas, práticas e fundamentadas;

Proteção de qualquer forma de fracasso ou culpa. A culpa é imediatamente redirecionada (pelos pais), aos professores, treinadores e amigos.

O resultado disto é uma geração que não pode errar. A experiência de vida de apreender com os erros, assumir responsabilidades pelo desempenho e desenvolver habilidades essenciais para enfrentar desafios foi excluída desse movimento de autoinflação. 
A Geração Y cresceu fazendo-se de vitimas e ouvindo seus pais dizerem que estão certos de qualquer maneira. Este tipo de educação exclui a importante lição de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Quando somos criados como vitimas, deixamos de aprender com a experiência, perdemos a capacidade de ver outros pontos de vista e não entendemos outras posturas. Quando somos responsabilizados por nosso comportamento, passamos a entender o sistema de causa e efeito e de respeito social, e nossa autoestima aumenta. Quer dizer, ao assumir a responsabilidade por nossos atos, apreendemos, nos desenvolvemos e crescemos com a experiência. Faz-se de tudo para garantir que a autoestima seja parte importante do nosso sistema educacional e da filosofia de criação dos pais. A ênfase depositada na autoestima se justifica, mas a genuidade decorrente das experiências de vida que desenvolvem a autoestima se perdeu. Quando todo mundo ganha nota dez por fazer não mais do que sua obrigação, o argumento de que o movimento de autoestima baseia-se em resultados práticos é, no mínimo contestável.Como resultado disto, a diminuição da competição, das recompensas sem merecimento e as altas expectativas de excelência geraram efeitos colaterais nos jovens da Geração Y, como por exemplo, a dificuldades de aceitar o fracasso e de lidar e apreender com os erros, dificuldades de aceitar o feedback e as criticas construtivas, falta de autoconhecimento e dificuldades em reconhecer suas limitações e assumir responsabilidades por erros cometidos.

Fonte: A Geração Y no Trabalho / Nicole Lipkin & April Perrymore (2010)




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